quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Palavras como punhais

Como podem ser cruéis as palavras... Podem deixar feridas abertas e até mesmo matar-nos por dentro! Qual punhal de lâmina afiada!
Já não sei se prefiro o silêncio... O silêncio e o tempo podem ajudar a cicatrizar ou pelo menos a anestesiar a dor que permanece com o passar dos dias...
Depois... depois há momentos em que tudo parece brilhar outra vez! Não passam de vislumbres, de miragens num deserto em que cada grão de areia é a recordação de um momento mágico.
E o que resta?! A dor, outra vez a dor que teima em não passar, em corroer até ao mais profundo de nós... desgastando, fazendo sofrer, enregelando, acabando com últimos restícios de esperança...
Morri por dentro...

Ódio?
"Ódio por ele? Não... Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei todo o encanto...

Que importa se mentiu? E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!

Ah! nunca mais amá-lo é já bastante!
Quero senti-lo d’outra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!

Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não... não vale a pena..."

Florbela Espanca

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